Sobre o jogo

Eu me lembro como se fosse ontem. Um clichê, eu sei, mas as histórias mais comuns são as mais assustadoras, não? Não há fantasmas ou lobisomens lá fora, o medo está aí, dentro da sua cabeça.

Eu me lembro como se fosse ontem: eu estava na casa de amigos, quando eles ganharam dos pais um livro sobre castelos assombrados da Escócia. O mais interessante não foi o livro em si, mas a conversa posterior: quem iria passar a noite num lugar desses? Acompanhado. Sozinho. Com lanterna. Sem lanterna. Apenas um saco de dormir no meio do saguão, com acesso a todos os corredores, sussurrando o seu nome no meio da madrugada… Algum voluntário? Todos nós, claro!

Pouco tempo depois, apareceu The 7th Guest para PC. E Resident Evil. E muitos outros para PlayStation 1. Por que alguém gostaria de se por em perigo?

Jogando recentemente Stories Untold, voltei à mesma pergunta. E, como disse Stephen King, as boas ideias (para quem as têm) são aquelas que grudam na mente, e podem ficar por lá anos e anos, se acomodando entre as memórias. Inquilinas no tempo.

Este jogo modelo se baseia nessa premissa batida e, por isso mesmo, tão poderosa: por um motivo fútil como uma aposta entre irmãos, aventurar-se em um lugar sabidamente desconhecido, mesmo perigoso, onde o retorno (são e salvo) pode não ser garantido.

Imagina um colégio comum. Salas de aula, laboratórios, biblioteca, rotina. Adiciona um fino véu nessa aparente normalidade: um local proibido para alunos. Apenas uma porta com acesso restrito. Pode haver apenas documentos, não? Claro, por que não? Ou material sensível ou caro, como aqueles eletrônicos velhos usados nas festas. Ou um corredor com luz bruxuleante, paredes mofadas, tacos soltos no chão. Antigamente, haveria a lenda de um cemitério indígena; hoje em dia, seria um backroom. Ou apenas um sala velha, com certeza.

Tobias e Lola não parecem, mas são irmãos. O primeiro é metódico, organizado, cerebral. Não usa óculos, porque isso seria óbvio demais para alguém que aos 19 anos mora na virtualidade dos jogos online. Lola é extrovertida, impulsiva e engraçada, fala alto e não tem medo do escuro (quando deveria). Queria ter nascido nos anos 1970, mas com apenas 15 anos, tem dificuldades para usar o celular. Irmãos com pouca diferença de idade fazem apostas surreais ou estúpidas, mas até mesmo essa foi além do que imaginavam: passar a noite na escola e ver o que está atrás daquela porta, enquanto o vigia noturno faz a ronda. Apenas os dois. Ok, recursos básicos de celular liberados: lanterna, mensagem, ligação.

Assets

  1. Cainos: Pixel Art Top Down - Basic